Você já parou para pensar no quão complexo é o ato de andar? Provavelmente não! Isto porque todos nós andamos de forma automática, mas a marcha requer a repetição de movimentos coordenados dos membros para locomover o corpo.

De forma bem simplificada, podemos observar que mesmo pessoas sem nenhum tipo de queixa relacionada ao bem-estar físico apresentam padrões de marcha diferentes e que podem ser facilmente identificados tais como velocidade, largura da passada, balanço do corpo, dentre outros.
Mas, existe um parâmetro para a marcha?
Marcha é uma sequência repetitiva de movimentos dos membros inferiores que move o corpo para frente enquanto simultaneamente mantém a estabilidade no apoio. Na marcha, um membro atua como um suporte móvel, em contato com o solo enquanto o membro contralateral avança no ar – o conjunto de movimentos corporais se repete de forma cíclica e os membros invertem os seus papéis a cada passo.
A sequência simples do apoio e avanço de um único membro é denominada ciclo de marcha. O ciclo então é o período compreendido entre o primeiro contato do pé com o solo até o próximo contato deste mesmo pé com o solo. O ciclo de marcha é dividido em duas fases: apoio – pé encontra-se em contato com o solo e balanço – pé é elevado do solo para o avanço do membro.
A partir desses conceitos e respondendo à pergunta: sim! Padrões para uma marcha normal já foram definidos e para uma população entre 18 e 45 anos de idade devem apresentar os seguintes parâmetros:
- A largura da base de suporte, ou seja, distância lateral entre um pé e outro= 5 – 10cm
- Comprimento do passo = 35 a 41 cm.
- Cadência = 90-120 passos/min.
O que pode então afetar a marcha normal?
Quando falamos diretamente de marcha, as principais alterações são velocidade reduzida, comprimento da passada e cadência diminuída, diminuição da altura do passo, aumento do tempo de apoio no solo, diminuição da amplitude de movimento nas articulações de quadril, joelho e tornozelo e diminuição da mobilidade da pelve.
Alterações no padrão da marcha normal podem ser ocasionadas tanto por problemas físicos quanto por algum tipo de doença, que pode afetar diferentes áreas do corpo.
Dentre as causas mais comuns de alteração na marcha estão:
- Trauma, fratura ou lesão nos membros inferiores;
- Problemas nos pés (calo, calosidade, unha encravada, neuropatia diabética, dor, úlcera cutânea, inchaço, espasmos);
- Diferença no comprimento das pernas;
- Dores musculares;
- Artrite e artite reumatoide
- Dor nas costas;
- Hérnia de disco;
- Ciatalgia.
Então é importante conhecer o meu padrão de marcha?
A análise da marcha está indicada para todos os pacientes com alguma alteração na marcha, proveniente de cirurgias ou problemas na coluna.
A avaliação da marcha é feita por meio da filmagem do paciente com a utilização de marcadores anatômicos, que são adesivos colados em pontos específicos do corpo.
Esta análise fornece dados subjetivos e objetivos como: angulações do tornozelo, joelho e quadril; inclinação da pelve; comprimento do passo e da passada; cadência e tempos de apoio; e balanço durante a marcha.
A avaliação do movimento é indicada para:
- Compreender mecanismos da marcha patológica;
- Quantificar o afastamento de padrões da normalidade;
- Realizar uma comparação pré e pós-tratamento;
- Sugerir correções das alterações encontradas;
- Reproduzir os dados que ajudarão na reabilitação.
A avaliação da marcha permite o melhor direcionamento do tratamento do paciente, além de ser um importante indicador da evolução do processo de reabilitação.